O uso da tecnologia digital na educação é realmente uma revolução, mas ”não como a conhecemos” – como diria o Mr. Spock, de Jornada nas Estrelas. Ela não é necessariamente o tipo de revolução que você imagina e nem sempre é para as pessoas que você pensa que são.
De fato, em um mundo onde todos estão ligados à tecnologia, a educação digital não deveria ser algo assim tão surpreendente. No entanto, essa migração para o mundo digital gera grandes impactos nas equipes de treinamento e desenvolvimento, fazendo com que eles tenham que transformar o modo como se organizam e se planejam. Para isso, é necessário levar essa transformação a sério e mudar a maneira que fazem suas análises, a forma como definem suas estratégias e por fim, como as implementam.
Neste artigo, falaremos sobre a importância de introduzir a educação digital nas empresas, seu papel específico no RH e como ela pode auxiliar as organizações a acompanharem os crescentes avanços desta era digital. Confira!
Qual é o objetivo da tecnologia digital na educação corporativa?
Muitos definem o treinamento digital como uma inovação, mas ele está longe de ser um processo inovador. Na verdade, é um processo que consiste mais em como as empresas podem se atualizar e acompanhar o mundo digital em que elas já vivem diariamente, mesmo que ainda não o conheçam por completo.
Os desafios na implementação da educação digital
Existem alguns desafios e barreiras que acabam gerando falhas na implementação da educação digital nas empresas ou até mesmo impedindo que esse processo se inicie. Confira abaixo 2 situações nas quais as organizações costumam falhar:
Não aceitar que as pessoas estão prontas
As empresas geralmente esquecem que seus colaboradores, independente de idade ou função exercida, já estão familiarizados com a maioria das novas ferramentas e formatos tecnológicos utilizados em programas de treinamento. Por exemplo, dizer que os “baby-boomers” (geração nascida entre 1946-1964) não estão prontos para seguir os programas de e-learning, é negar como eles já vivem suas vidas diariamente. Afinal, as pessoas fazem compras online, recebem e-mails e têm perfis nas redes sociais.
Além da Geração X, Y ou Z, gostamos de falar sobre a Geração C, que é aquela maioria silenciosa que já vive em um mundo “conectado” sem incertezas ou hesitações. Claro, eles não pedem explicitamente que o treinamento seja digitalizado, mas ainda ficam surpresos quando as pastas de papel são distribuídas durante um seminário de treinamento.
A grande questão para as empresas não é mais se “devemos digitalizar o treinamento?”, e sim “’Quais medidas podemos tomar para não ficarmos para trás nesse mundo digital?”.
Focar apenas em novas tecnologias
Os gerentes de T&D podem ser facilmente tentados a lançar uma iniciativa de digitalização focada na tecnologia. Isso é um grande erro! O problema não está apenas na falta de ferramentas, recursos ou novas tecnologias. Acima de tudo, a revolução digital é uma nova maneira de abordar o desenvolvimento de competências.
Até pouco tempo atrás, os profissionais de T&D projetavam módulos que se concentravam em dois dias de aquisição de conhecimento, conscientização e atividades práticas em uma sala de aula. Mas… você não pode mudar o comportamento de uma equipe em tão pouco tempo.
As aulas presenciais em ambientes tranquilos são essenciais e indispensáveis para a prática e para o compartilhamento mútuo, mas agora as aulas são fornecidas de forma paralela e durante todo o ciclo de treinamento por meio de ferramentas de ensino à distância. A digitalização permite que os colaboradores sejam sempre treinados e se adaptem com rapidez às constantes transformações desse mundo digital.
O treinamento não é mais um evento, mas sim um processo contínuo. As maiores transformações não são para os que recebem o treinamento, mas para os próprios treinadores. Eles precisam repensar completamente a forma como ensinam e como esses materiais são preparados. A grande questão é:
“Você está aprendendo tão rápido quanto o mundo está mudando?”
Gary Hamel
Não contribuir para o desenvolvimento dos colaboradores
Em uma avaliação anual, um gerente agora pode verificar em tempo real o treinamento concluído pela sua equipe, avaliar o progresso em relação às metas e ajudá-los a construir seus futuros programas de treinamento.
A digitalização empurra as paredes da empresa para fora, no sentido de oferecer a solução ideal para treinar todo um ecossistema, incluindo clientes, fornecedores e parceiros. Imagine um mundo em que os colaboradores tenham acesso “real e irrestrito” ao seu portfólio de competências — um território que até então era quase exclusivo do departamento de RH.
Nesse mundo ideal, os colaboradores podem, por exemplo, acompanhar livremente seu progresso em cada uma das principais competências definidas em seu perfil de descrição de cargo. Os membros da equipe são constantemente informados de que precisam “comandar” o seu desenvolvimento profissional. Mas as organizações atuais geralmente não oferecem os meios para fazer isso – na melhor das hipóteses, elas apenas fornecem um link para um catálogo de treinamento on-line.
Os benefícios da educação digital para o RH
A digitalização é uma ótima maneira de gerenciar toda a equipe, desde a entrada do colaborador na organização até a sua saída — e até mesmo depois. Ela preenche a lacuna entre as diferentes disciplinas de RH e permite que a organização (finalmente) faça o uso pleno de todas as informações preciosas que estão guardadas nos sistemas de Recursos Humanos, que colocava o gerenciamento de talentos e os processos de T&D em “caixinhas” distintas.
Como implementar a tecnologia digital na educação corporativa?
Veja abaixo os 5 mandamentos que devem ser seguidos para evitar erros durante a implementação da educação digital:
- Nunca deixe ninguém para trás;
- Use a palavra “mudanças” com cautela — muitos podem surtar ao ouvi-la;
- Encontre o método certo para engajar cada participante;
- Elabore um plano real de mobilização;
- Saiba dizer “não” – especialmente para a gerência sênior.
5 dicas para não errar na hora de promover o aprendizado digital
Pode parecer estranho, mas a melhor maneira de promover o aprendizado digital pode ser não falando sobre isso. Em uma empresa, todos pedem mudanças, mas ninguém quer mudar. Mas o fato continua sendo que você não pode ter sucesso por conta própria: agora você precisa identificar os atores estratégicos e integrá-los no momento certo e da maneira certa. Veja a seguir algumas maneiras de fazer isso:
1. Evite as comunicações no tempo errado
Os gerentes de treinamento geralmente tendem a optar por uma iniciativa de comunicação interna em larga escala para convencer toda a organização dos benefícios da digitalização: este é um erro terrível! Assim que ouvem a palavra “mudar”, as pessoas começam a ficar nervosas. Sem mencionar o fato de que essa iniciativa leva muito tempo.
Cada pessoa envolvida tem uma percepção diferente e subjetiva do que significa migrar para o treinamento digital. Quando você opta por anunciar tudo de uma vez ou faz anúncios muito cedo, corre o risco de que seu projeto fracasse antes mesmo de ser iniciado.
2. Tenha um bom planejamento
Repetindo as ideias do modelo de matriz RACI (Responsável, Aprovador, Consultado, Informado), que define funções e responsabilidades no processo de gerenciamento de projetos, defina respostas para essas três perguntas principais:
- Quem vamos precisar informar? Por exemplo, gerência sênior, gerentes de departamento e assim por diante;
- Quem vamos precisar envolver? Esta pergunta se refere a pessoas que podem atuar como intermediários importantes na transmissão de informações, como treinadores ou patrocinadores;
- Quem vamos precisar consultar para serem tomadores de decisão ou especialistas? Especialistas que podem trazer conteúdo para a mesa ou tomar decisões importantes e certeiras.
3. Tenha atenção especial com o setor de TI e Comunicação Interna
Esses dois departamentos precisam de uma atenção especial e cuidadosa. Deixar de consultar seu departamento de TI pode paralisar seu projeto, especialmente em setores com complexidades tecnológicas e rígidos protocolos de segurança.
O envolvimento do TI não é uma decisão opcional, mas você deve fazer isso no momento certo. Se a comunicação acontecer muito cedo, a digitalização corre o risco de se transformar em uma iniciativa puramente tecnológica, em detrimento de objetivos estratégicos ou de transferência de conhecimento. Se acontecer tarde demais, você corre o risco de aborrecer os profissionais de TI e eles podem acabar com o projeto argumentando que ele ameaça a segurança ou a interoperabilidade dos dados.
Não fale com o TI até que o seu planejamento e resumo do projeto esteja definido com precisão. Como gerente de treinamento, explique suas necessidades de uso real, sempre usando o vocabulário do treinamento. Nunca use jargões técnicos, mesmo que você seja capaz de usá-los.
O departamento de comunicação interna também precisa desse mesmo tratamento e comunicação. Assim que você cria um espaço de trabalho digital para treinamento, está se instalando no território da Intranet, que é a reserva natural do departamento de comunicação. A equipe de comunicação interna também tem o poder de desacelerar seu projeto, por exemplo, se eles julgarem que você se desviou do modelo padrão da empresa.
Converse com eles quando tiver definido claramente sua abordagem de ensino, definindo suas metas, recursos e cronograma. Sempre vincule seu projeto à estratégia. Seus colegas de comunicação podem contribuir e auxiliar com as suas próprias habilidades e experiências, o que é vital para o sucesso do projeto.
4. Desafie os profissionais de treinamento
Seus prestadores de serviços externos também precisam ter uma imagem precisa das alterações exigidas pela iniciativa de digitalização. Sua responsabilidade é convencer seus treinadores externos, que estão acostumados a realizar sessões em sala de aula e a reescrever completamente o material deles para o uso digital.
Normalmente eles confiam na experiência, no carisma ou no tempo que passaram trabalhando para a empresa, reciclando o conteúdo da sala de aula e transformando em seminários on-line ou videoconferências. Mas lembre-se, as pessoas podem ser tentadas a ser preguiçosas e podem obter resultados abaixo do padrão. Em poucas palavras, a dica é: desafie os fornecedores externos — mesmo que isso signifique substituí-los caso eles se recusem a colaborar com esta missão.
5. Vise o seu primeiro objetivo: a equipe de treinamento
Sem dúvida, você irá descobrir que talvez as pessoas mais difíceis de mudar sejam os profissionais de treinamento. Com o aprendizado digital, os treinadores internos que ministram ou gerenciam cursos agora precisam executar suas aulas em ambientes virtuais e atuar como facilitadores e coaches.
No back office, os responsáveis pela organização desses programas não devem apenas revisar a maneira como gerenciam a logística e o rastreamento, mas também a maneira como criam os caminhos dos alunos. A abordagem profissional de treinamento precisa mudar radicalmente. Não avance até que sua própria equipe tenha sido treinada e convencida dos benefícios da nova estratégia.
Depois de todas essas dicas essenciais para te auxiliar nessa tarefa, o próximo passo é colocar em prática e por fim, buscar um parceiro para fazer um projeto de implementação da educação digital com êxito.
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