No passado, os programas de educação corporativa eram a favor do desenvolvimento horizontal, que se concentra nas competências técnicas e no conhecimento aprofundado de um assunto (competências conhecidas como hard skills). Hoje, a tendência é o desenvolvimento vertical, focado nas soft skills, que proporcionam mais equilíbrio na atuação de um profissional dentro do ambiente de trabalho.
Com as constantes transformações nas relações de trabalho, as organizações perceberam que um profissional de sucesso também precisa possuir aptidões que vão além da técnica e do conhecimento. Afinal, o perfil comportamental de um colaborador pode ter grande influência nos resultados e no desenvolvimento dos negócios. Por isso, as competências comportamentais estão cada vez mais presentes no T&D das empresas.
Para entender melhor o que são as soft skills, quais as principais e como desenvolvê-las nos programas de T&D, é só continuar acompanhando a leitura!
O que são as soft skills?
As soft skills são as competências ligadas à personalidade e ao comportamento do profissional. Elas têm relação com as aptidões emocionais, sociais e mentais. Ou seja, são as competências ideais para ter uma boa relação com colegas de equipe, para enfrentar desafios e conflitos nas rotinas de trabalho, entre outras situações que exigem a inteligência emocional dos colaboradores. Alguns exemplos são:
- Comunicação;
- Trabalho em equipe;
- Liderança;
- Habilidades interpessoais;
- Flexibilidade;
- Empatia;
- Proatividade;
- Criatividade;
- Ética no trabalho;
- Pensamento crítico;
- Influência;
- Poder de negociação;
- Capacidade de tomar decisões.
Elas estão se tornando cada vez mais fundamentais dentro dos processos seletivos nas empresas e podem ser um grande diferencial na avaliação de candidatos. As soft skills são competências mais difíceis de identificar, avaliar e desenvolver em comparação com as hard skills. Afinal, são provenientes das experiências particulares, da criação e cultura do indivíduo, entre outros fatores. Contudo, é importante lembrar que apesar disso, elas também podem ser desenvolvidas. É o que veremos mais à frente. Continue acompanhando!
Diferença entre desenvolvimento horizontal e desenvolvimento vertical: hard skills e soft skills
As empresas treinam seus colaboradores para garantir que eles tenham as competências necessárias para realizar bem o seu trabalho. Elas querem avançar no mercado e ser mais competitivas. Esses programas de treinamento podem ser criados em torno de dois tipos de desenvolvimento:
- Desenvolvimento horizontal: especialização aprofundada em um assunto (hard skills);
- Desenvolvimento vertical: respostas ágeis e adaptáveis a diferentes desafios (soft skills).
O desenvolvimento horizontal se concentra na experiência, enquanto o desenvolvimento vertical ajuda a colocar esse conhecimento em prática. O desenvolvimento horizontal é mais comum e acreditamos que permanecerá assim. Os colaboradores sempre precisarão das habilidades básicas para atender às demandas de seu cargo. Porém, as soft skills se tornaram críticas no mundo volátil dos negócios, onde a solução ágil e eficaz de problemas é fundamental.
O desenvolvimento vertical está relacionado à maneira como interagimos com diferentes níveis de suposições e conhecimentos. Essa técnica de aprendizagem ajuda a desenvolver soft skills para que você possa prosperar neste mundo do trabalho em constante evolução. Nele, começamos desafiando antigas suposições e testando novas hipóteses.
Qual a importância da soft skills para as empresas?
São diversos os benefícios proporcionados pelas soft skills. Veja um exemplo: se os colaboradores tiverem competências de trabalho em equipe e comunicação, as rotinas de trabalho irão ser muito mais produtivas e eficientes. Esse é um dos motivos do porquê as soft skills têm ganhado tanta relevância no mercado corporativo. Elas contribuem para o alcance dos objetivos da empresa e para o seu desenvolvimento. Além disso, existem muitas outras vantagens:
Resolução de problemas
As softs skills podem auxiliar na resolução de problemas no dia a dia de trabalho. Quando os colaboradores são proativos, sabem trabalhar em equipe, entre outras competências já citadas, eles não precisam depender totalmente das decisões da liderança, mas logo procuram solucionar os problemas (exceto em casos que efetivamente necessitam da decisão de um superior). Assim, os processos são finalizados com mais agilidade e eficiência.
Melhora no clima organizacional
Outro benefício é que as softs skills estão ligadas a um fator fundamental: o clima organizacional. Afinal, elas promovem um ambiente de trabalho mais sadio, em que os colaboradores sabem lidar com as diferenças, com os conflitos internos e também sabem trabalhar sob pressão. Assim, o estresse no ambiente de trabalho diminui e, consequentemente, há uma melhora no clima organizacional.
Diminuição do turnover
Com um bom clima organizacional, o ambiente de trabalho se torna mais harmonioso e a empresa passa a ser uma companhia desejável para se trabalhar. Em consequência disso, os colaboradores desejam permanecer em seu trabalho, o que diminui a taxa de rotatividade. Além disso, a organização também passa a ser desejada pelos bons profissionais do mercado, fator que melhora a atração de talentos.
Influência na equipe
Por fim, as soft skills podem ser transferidas por meio do convívio diário entre a equipe. Isso significa que os colaboradores podem aprender uns com os outros e naturalmente reproduzir as competências. Por exemplo, um colaborador com uma boa capacidade de liderança pode transformar a visão de uma equipe inteira ao decorrer do tempo.
Diante de tantas vantagens, não há dúvidas da relevância e importância das soft skills no mercado de trabalho, não é mesmo? No próximo tópico, abordaremos quais são as mais buscadas pelas empresas.
Quais são as soft skills mais buscadas no mercado corporativo?
Abordamos aqui o quanto as soft skills têm ganhado espaço nas empresas. Porém, quais são as que mais estão sendo buscadas pelo atual mercado corporativo? É o que veremos a seguir:
1. Colaboração
Saber trabalhar de forma colaborativa é uma das competências mais procuradas pelos empregadores. Diante das transformações do mercado, o trabalho em equipe se tornou cada vez mais fundamental e estratégico para atingir os objetivos dos negócios. Portanto, os colaboradores devem trabalhar bem em grupo, compartilhar informações, responsabilidades, recursos e assim, planejar e agir juntos para alcançar um objetivo comum.
2. Flexibilidade
A flexibilidade é a capacidade de se adaptar às mudanças. Transformações, inovações e mudanças são fortes características do mercado atual. Por isso, estar aberto a novas ideias e responder de forma positiva é uma das soft skills que os empregadores têm desejado ao contratar novos colaboradores.
3. Capacidade de trabalhar sob pressão
Esta competência pode ser um grande desafio para os profissionais, mas também tem se tornado valiosa para as organizações. Aqueles que a possuem, sabem lidar com a pressão e o estresse provenientes dos desafios no ambiente de trabalho. Tudo isso sem perder o foco e mantendo a mesma agilidade e eficiência demonstrada em situações comuns e fora de pressão.
4. Comunicação
Outra competência mais buscada é a de comunicação eficaz. As empresas desejam que os colaboradores saibam ouvir com atenção, saibam se comunicar de maneira clara e também que mantenham o foco ao responder ou fazer perguntas. Ter uma boa comunicação pode evitar muitas falhas nas rotinas de trabalho, inclusive nas situações em que o profissional tem algum tipo de contato com clientes.
5. Orientação para resultados
A orientação para resultados é uma das soft skills necessárias para concretizar os objetivos estabelecidos ao colaborador. O profissional deve ter foco para atingir os resultados finais de maneira eficaz. Ele sabe aonde precisa chegar, o que ele precisa fazer e não hesita até chegar nos resultados esperados.
6. Liderança de equipe
Como citamos anteriormente, os profissionais com soft skills podem influenciar toda uma equipe. É exatamente isso que as empresas têm buscado. Elas desejam líderes que saibam gerenciar bem um grupo. Para isso, ele deve saber motivar e engajar os colaboradores para fazer com que todos trabalhem em conjunto e com eficiência para alcançar as metas e objetivos dos negócios.
7. Motivação
A motivação é a soft skill que tem relação com a capacidade de se empenhar com dedicação e esforço em todas as rotinas de trabalho. Essa competência é fundamental nas organizações, afinal, elas precisam de colaboradores que são empenhados e motivados a alcançar tudo o que foi proposto. Apesar do desejo por contratar profissionais que possuam esta aptidão, lembre-se que as empresas têm um papel fundamental em despertá-la em seu time.
8. Organização e gestão do tempo
Por fim, não podemos esquecer de uma das soft skills mais buscadas hoje em dia: a organização e gestão do tempo. Essa competência tem relação com a capacidade de otimizar o tempo para realizar as tarefas de maneira organizada e no tempo disponível para ela, sem que haja atrasos. Resumindo, os empregadores buscam profissionais que saibam realizar as atividades com eficiência e qualidade dentro do menor tempo possível.
Como desenvolver soft skills? Passo a passo para o programa de treinamento
Todos os programas de treinamento focados em soft skills têm uma coisa em comum: eles avaliam as necessidades individuais com base no comportamento passado. É um dos principais métodos que os treinadores usam para moldar suas equipes e superar a resistência à mudança.
Especialistas da Universidade de Harvard desenvolveram um programa de liderança e gestão chamado “Imunidade à Mudança”. Este programa usa um sistema de mapeamento para entender como os colaboradores veem mudanças futuras e também entender porque as mudanças necessárias ainda não foram implementadas.
O processo de quatro etapas a seguir ajuda os alunos a identificar cuidadosamente porque eles são resistentes a certas mudanças:
Etapa 1: analisando sua posição
Para aprender mais sobre mudanças, o programa de Harvard recomenda identificar as áreas que você deseja alterar e os obstáculos em seu caminho. Vamos pegar como exemplo um líder que quer dar instruções melhores e mais rapidamente.
- Motivações: o medo do fracasso e a necessidade de microgerenciar;
- Riscos: fornecer detalhes desnecessários ou excesso de informações;
- Obstáculos: ir longe demais, não fornecendo detalhes críticos, o que poderia ter um impacto negativo no desempenho da equipe.
Etapa 2: projetando experiências
Para testar ideias preconcebidas, o programa recomenda a execução de experimentos. Esses testes devem começar com situações seguras. Desta forma, se as coisas derem errado, não importará. Eles devem incluir ações que você normalmente faria para resolver o seu problema.
A análise dessas experiências deve ajudá-lo a descobrir se os resultados dessas ações que você já executava apoiam a resolução do seu problema. Idealmente, você deve envolver alguém que possa observar e avaliar objetivamente o experimento e os resultados.
Etapa 3: suposições desafiadoras
As suposições falsas e preconcebidas que temos geralmente impedem as mudanças desejadas. A boa notícia é que a resistência a mudanças específicas tende a diminuir com o tempo, permitindo que as mudanças ocorram naturalmente.
O programa de Harvard enfatiza o que chamam de “obstáculos internalizados”: “Muitos programas de liderança operam no pressuposto de que, se você mostrar às pessoas como liderar, elas podem fazê-lo por conta própria. No entanto, os desafios mais difíceis que os líderes enfrentam em suas vidas profissionais estão associados à maneira como elas limitam as suas percepções de acordo com as suas concepções”.
Identificando premissas negativas
A identificação de suposições negativas mostra quais você pode ignorar e quais podem ser contornadas. Por exemplo, os gerentes podem assumir que tem permissão para fazer algo, e depois descobrir que estão proibidos. Isso pode simplesmente estar fora do seu controle. Por outro lado, o ambiente da empresa pode desencorajar os gerentes a fazer certas coisas, transmitindo a sensação de que eles não têm poder ou liberdade para agir com autonomia.
Etapa 4: tirar conclusões
A melhor maneira de resumir o treinamento vertical é: ele impulsiona as pessoas a elevar seus pensamentos. Isso os ajuda a identificar e resolver problemas – e a aceitar que existem algumas dificuldades que eles não podem resolver. Ao final de um processo de desenvolvimento vertical, onde ele avalia suas suposições sobre determinado assunto, ele deve ser capaz de tomar decisões mais embasadas e conscientes.
O desenvolvimento vertical também fortalece a capacidade do indivíduo de colocar em prática seu treinamento horizontal. O desenvolvimento horizontal ajuda os funcionários a executar tarefas usando conhecimentos e competências técnicas. O desenvolvimento vertical, por outro lado, os capacita a aplicar seus conhecimentos em ambientes novos e em mudança.
Hoje, as soft skills não são mais opcionais. As empresas devem apoiar o desenvolvimento vertical de gerentes para torná-los melhores na liderança de equipes multiculturais, resolvendo problemas de maneira eficaz, criativa e adotando uma abordagem ágil.